EATING BEAR | Urso Ibérico Inspira Ementas

Lisboa, cidade aberta, cosmopolita, arrojada, trendy e intensa que se mantém tão típica e tradicional como contemporânea. Preserva a imagem e o espírito tradicional e simultaneamente cria espaços modernos, inovadores e confortáveis que abrem os braços a uma nova geração de residentes e visitantes.

O papel cosmopolita da cidade de Lisboa, a acolher muitas gentes num entrecruzar de línguas e dialetos, de mãos dadas com o seu papel na abertura do país ao mundo, que, creio, ser responsável pelo alargamento das suas próprias perspetivas e pela criação de novos spots.

Aqui se cruzam paladares e aromas de muitas gastronomias. É o universo gastronómico a desenvolver-se neste mundo globalizado, onde surgem constantemente novas tendências.

Na tentativa de surpreender os fiéis amigos do garfo e faca, os cozinheiros misturam sabores, aromas e cores apelativas, procurando mostrar alguma inspiração carimbam os seus pratos com uma interpretação muito própria. Combinam harmoniosamente ingredientes picantes, agridoces e outros, oriundos dos quatro cantos do planeta, como se de uma experiência alquímica se tratasse. Contudo, a cozinha de fusão não é só uma combinação e uma mescla de ingredientes, também é um encontro de culturas que cria, obviamente, novos pratos. E há de tudo um pouco, desde espaços israelitas aos indianos, dos vegetarianos aos especializados em carne, peixe ou risottos, dos africanos aos sírios, do poké bowls e dos brunch à comida rápida e até autoral.

Apraz-me descobrir a cidade de Lisboa nestes tons, aromas e sabores. Passear pelas suas ruas, à procura do que há de novo, mas também dos sabores caseiros de sempre.

Ora estes comensais da “boa vida” gostam de “bater perna”, de deambular por aí, de desafios, de explorar, de experimentar, de descobrir lugares improváveis que servem comida boa, que cruzam fronteiras culinárias e recriam pratos originais, que, a priori, nunca imaginaríamos ser tão bem-sucedidos.

Aprazem-nos lugares que nos arrebatam, que nos surpreendem, que quando nos sentamos à mesa não imaginamos o que vamos “desmontar”, e no fim de umas boas garfadas, saímos de lá satisfeitos e com vontade de regressar.

Quase por acaso, descobrimos um desses spots, aninhado no coração da baixa pombalina, numa zona supostamente vendida ao turismo, na rua da Madalena. O restaurante Eating Bear, do grupo Abraito Luxury LDA pertence à Adhoc Wine, responsável pela The Lisbon Walker, uma loja instalada no espaço contiguo, que privilegia o “handmade”, vende sapatos artesanais e vinhos, e também, produz e comercializa o azeite Monte das Janelas e vários vinhos inspiradores, como o Imbondeiro, o Abraito, o Corcovado, o Malange, o Mina, entre outros.  Para além do restaurante, funciona também como adega e winebar, com possibilidade de consumo de toda a gama a copo. Entre diversas opções gastronómicas, tapas, petiscos, conta com provas de vinhos e menu a la carte!

Descobrir as cidades, os seus lugares e segredos, por vezes é assim… quando menos esperamos esbarramos em lugares que nos conquistam.

Porque sou um profeta das boas noticias, partilho a nossa experiencia, na “toca do urso ibérico”, que une um bom ambiente a uma cozinha de fusão, para saborear sem pressas.

Serve várias delicias a preços que não causam estragos no nosso bolso. O que me agrada bastante.

Um turbilhão de sabores, que geram outros sabores. O spot batizado de Eating Bear, em referência ao urso ibérico, esconde segredos únicos. À frente do conceito está uma ementa, que para além de inspirada na dieta paleolítica do urso ibérico, celebra a sazonalidade. Em cada estação do ano, uma ementa renovada, utilizando na confeção os produtos da temporada, a riqueza dos ingredientes e condimentos próprios, enobrecendo o sabor da natureza.

A ementa à la carte inicia-se com “os verdes sabores”.

No que toca a vegetais, a ementa privilegia os frescos. Não há outra opção se não trabalhar com os melhores, quando aquilo que se procura é o sabor mais verdadeiro e intenso.

Aqui ficam algumas sugestões de saladas, tábuas de enchidos e carpaccios: Corações de alcachofra com presunto; Lasanha vegetariana com azeite de trufa; Tzatziki Grego com tiras de pepino & azeitona; Salada de bacalhau com tomate fresco, caju & alcaparras; Carpaccio de abacate e Tártaro de abacate e salmão.

Privilegiando os produtos nacionais, a proposta segue com originalidade bem temperada, utilizando Grãos, Frutos Secos e Bagas:

Tâmaras da Jordânia com presunto e camarão, Queijo chèvre com mel & cajú; Figos quentes & presunto ibérico com mussarela de búfala; Couscous com frutos secos; Fusão de queijo de azeitão, figo seco, mel & nozes e Costeletas de cordeiro com tâmaras e alperces.

Da ementa também fazem parte, a dar um twist fabuloso, as generosas Tábuas de Queijos e Carnes Fumadas:Tábua de queijos fortes – queijo de ovelha amanteigado, queijo de São Jorge dos Açores & queijo chèvre português; Tábua de enchidos Portuguesa – chouriço de carne, morcela & farinheira; Presunto Ibérico & pá fumada caramelizada com vinho da Madeira; Travessa da costa alentejana – camarões, farinheira, manjericão & lima e Caça portuguesa – filetes de Javali grelhados (preparado como fondue grelhado sobre a mesa).

Nos pratos principais elegeram-se os pratos de peixe e frutos do mar, onde ressaltam a boa qualidade e a criatividade,  brilha um dos ex-líbris da casa: Mojito de Salmão no forno, com banana, uva branca, hortelã e rum. Destaque também para o Bife de Atum estilo Moqueca; Ceviche de atum & pesto; Sashimi de salmão com maracujá & Hibisco e Tártaro de salmão de mar, chévre & caviar.

Para os amantes de carne vermelha, a suculência dos Fondues de Vitela grelhados e os Nacos de Vitela.

Propõe-se: Naco de vitela com gambas, acompanhado de salada da estação e batatas rústicas assadas; Fondue de vitela, acompanhado de salada da estação e batatas rústicas assadas e Fondue de vitela com gambas, acompanhamento de salada da estação e batatas rústicas assadas.

E para rematar, uma oferta de sobremesas saborosas.

Chocolate Oblivion; A melhor torta de chocolate do Mundo; Três camadas de chocolate; Toucinho do Céu; Doce Conventual Tradicional Português; Pudim Abade de Priscos – Pudim de Vinho do Porto; Caramelo Umami com pimenta rosa, flor de sal e biscoito de chocolate e Prato de Frutas.

De mãos dadas com a ementa – que aposta em pratos variados, com boa alternância entre vegetais, carne e peixe – um gesto altruísta, uma vez que parte da receita reverte para projetos sociais que protegem a reintegração do urso ibérico na região norte de Portugal.

Fora de portas os turistas enchem a rua, em grupos, com máquinas fotográficas e mapa na mão. É quase impossível não tropeçar num deles numa das artérias mais movimentadas da cidade.

Dentro de portas, aposta-se na inovação respeitando os traços da época pombalina. Um mobiliário contemporâneo, criado exclusivamente para esta “toca do urso ibério”. São tons vermelhos os que nos dão as boas vindas. A cor da paixão, mistura-se com alguns tons mais sóbrios, harmonizando-se com beges, brancos e castanhos, e as paredes transformam-se em galeria de arte com exposições temporárias de pintura e fotografia, que convivem, harmoniosamente, com a estrutura de cordas suspensas, que percorrem toda a sala de refeições, desde o teto até as janelas, dando-lhe um toque jovial e irreverente, sem perder a elegância.

Espaço discreto, acolhedor e moderno. A conjugação de uma decoração contemporânea, sóbria e requintada, aliada a uma interpretação contemporânea da cozinha de fusão, atrai a atenção dos apreciadores dos sabores do mundo.

O Chef

Para reforçar este laço -dieta do urso ibérico e os ingredientes de fusão- o Eating Bear, aberto desde novembro de 2016, aliou-se ao Chef Narayan Kumar Gurung, que lidera este projeto recriando uma cozinha tradicional, a roçar a internacional, combinando diferentes ingredientes e técnicas, mas sobretudo tradições.

Começa por surpreender nas entradas e a partir daí é um mix de boa comida que só termina quando regressamos ao nosso quotidiano.

Apesar de ter trazido a inspiração e os sabores do Nepal, da cidade de Pokhara, sua terra natal, foi mesclando alguns paladares mais intensos e acrescentando ingredientes que não são habituais no seu país, que implementou uma ementa inovadora.

Este é o seu papel e a sua aventura: buscar sabores diferentes, exóticos e saborosos para nos agradar e surpreender, convidando-nos a descobrir novos sabores e sensações!

Na cozinha com o Chef

Salta à vista a cozinha aberta para a sala de refeições que permite observar as deambulações dos cozinheiros em torno do fogão. Desta vez convidaram-me a espreitar a qualidade, a textura, a frescura dos alimentos e a experimentá-los.

Conhecer a cozinha de um restaurante onde são preparadas as refeições não é nada improvável nos dias que correm. Todavia, a oportunidade de libertar o “cozinheiro que existe dentro de mim” e participar nesta aventura, protagonizando uma autêntica fusão de saberes e paladares entre os peculiares temperos e aromas, de toda a parte do mundo, seduziu-me. O resultado dessa interação foi aprazível, preparei as papilas gustativas para desmontar um abastado e suculento repasto. “Já podem dizer às minhas sobrinhas que meti as mãos no tacho”, confidenciei.

Seja como for, a experiência foi um convite para “desibernar” embarcando numa autêntica aventura que trouxe à mesa propostas que convidam a abraçar a irreverência. É sempre agradável estreitar relações com um bom cozinheiro. Segui as suas indicações e fui muito bem sucedido.

Apesar de manter algumas receitas mais clássicas, outras foram recriadas com um toque contemporâneo, convivendo com inspirações de outros lugares, num verdadeiro portfólio de experiências.

Comecemos então a reviver a experiência desta degustação.

A degustação

À entrada fomos, amavelmente, recebidos com a boa vibe do espaço pelo Gerente e Relações Públicas Vinícius Barbizani e presenteados com uma prova de tapas e vinhos.

Iniciamos com menu eclético e muito tentador, pensado a partir de ingredientes de qualidade, com a gula a consumir-nos por dentro. Desmontar umas Tâmaras da Jordânia ou um Mojito de Salmão é deixarmo-nos abrir à surpresa, entrar e permanecer num ritmo mais brando!

Antes de os sabores nos arrebatarem à mesa, foi a prova dos vinhos produzidos pela Adhoc Wine que nos surpreendeu. A conjugação de vinhos com as tapas abriu caminho para uma viagem gastronómica inesquecível.

A variedade de vinhos que caracteriza a garrafeira bem recheada desta “toca do urso”, foram um bálsamo celestial para todos os sentidos nesta degustação.

Reinam diferentes tipos de garrafas “do sagrado néctar” mesmo ali à mão de se lhes tirar a rolha e secar a adega.

Nas entradas, para aconchegar o estomago, Schufa de Ricotta de Tofu é uma entrada para aquelas pessoas que desejam leveza e sabor. Algo mais saudável que qualquer paté processado cheio de aditivos alimentares.

A ricotta de tofu, uma mescla de tofu, ricotta, queijo dos açores e pesto, é uma opção simples e prática que se completa muito bem com torradas, ou pão, para aquecer o estomago antes de passar para o combate gastronómico.

Para aguçar o prazer de comer, o aspeto, o cheiro, a textura e os paladares acentuados, na dose certa, das “Tâmaras da Jordânia”, um interessante equilíbrio de texturas e intensidade de sabores que inclui Tâmaras, Presunto e Camarão.

De inspiração além-fronteiras com bom twist de contemporaneidade à mistura, o camarão vai ao forno e posteriormente junta-se às tâmaras embrulhadas no presunto. O Chef consegue aquela frescura de contrastes de sabor, conjugando deliciosamente os sabores da terra com os sabores do mar, com um toque de sofisticação. Eleitas para compor os outros sabores contrastantes, as tâmaras acrescentam um toque adocicado ao prato. Uma opção suave e aveludada devido à sua textura macia. Uma fusão moderada na boca.

Chegam finalmente à mesa, libertando todos os aromas do prato. Paladar envolvente, equilibrado, macio e sedoso que se alojou no meu palato trazendo à tona a minha vontade informal de lamber os dedos um por um, devorando/desmontado tudo, sem pressas. Uma sugestão que me convenceu. Foi servir, saborear e voltar a servir! Deliciei-me sem peso na consciência. Ah! deixei alguns para o Miguel André, o fotografo que me acompanhou em mais uma aventura gastronómica.

Como o apetite persistia, a refeição seguiu com fatias finas e suculentas de atum que inundou o prato de frescura. Um dos tão falados Sashimis. Uma entrada leve e de fácil digestão. Para se ter um excelente sashimi é necessário que o peixe seja fresco, sem isto o prato perde sua textura e sabor.

O atum é flameado e servido com um mix de bagas, goji, cajú e completado com óleo e sementes de sésamo, a acrescentarem diversidade e contraste aos restantes elementos.

Foi muito bem recebido e apreciado pelo fotógrafo da “boa vida”.

Miguel André, meu comparsa nesta incursão, grande apreciador de Sashimi e Sushi, atirou-se ao sashimi de atum e desmontou esta delícia demoradamente: não encontrando condições para disfarçar, a cada garfada um hummmmm! “Olha a textura disto…. já ganhou”. Murmurava Miguel entre suspiros de satisfação. Ás vezes basta um sashimi bem temperado para a noite se tornar perfeita. Que o diga o fotógrafo. A prova do Sashimi foi superada com distinção, estava delicioso, mesmo para quem, nem aprecia muito.

Porém, é impróprio para corações mais sensíveis, talvez por isso o do Miguel continua lá!

Com tanto espaço ainda na nossa garagem/estômago, duas bocas e tanto apetite sentado na mesma mesa, não podíamos terminar por aqui.

Ah! Depois é obrigatório o delicioso Mojito de Salmão!

O prato funciona na sua globalidade apresentando algumas características de mestria pela irrepreensível, embora invulgar harmonia entre os sabores do Salmão, com banana, uva branca e rum, que depois de envolto em massa folhada, que enriquece a textura sem roubar o sabor aos restantes ingredientes, vai ao forno.

Com cada um dos ingredientes a fazer-se sentir com textura e sabor precisos, aproveitando da melhor maneira o Salmão e a fruta, que o enobrece e lhe confere um toque diferente. É servido com uma salada de verduras e frutos secos. A qualidade da confeção evidencia-se e a degustação foi bastante agradável. O resultado é daqueles que fica guardado na nossa memória pelo seu sabor e, quando menos esperamos, sentimos vontade de regressar!

Olho para cima do meu prato e não me esforço em esboçar um leve sorriso de satisfação. Enquanto via o tempo a passar tranquilamente, desmontava esta excelente conjugação de sabores e texturas, que se desfazia suavemente na boca. Estava tudo no ponto. É um dos ícones da ementa, sem dúvida.

Provei todos os pratos que chegaram à mesa, todos sensacionais com especial louvor para o Mojito de Salmão e as Tâmaras da Jordânia com presunto e camarão. Em solidariedade com o Miguel André que se encontra de relações cortadas com o vinho, pensei em acompanhar a “sentada/repasto” com água! Confesso, que inicialmente, parecia-me uma ótima ideia. Mas isto, cá entre nós, não seria uma perfeita harmonização… seria uma evasão, mas, por vezes as fugas até calham bem, são um passo para o encontro. Encontrei-me com vinhos de produção própria do restaurante, sugeridos de acordo com a harmonização dos pratos.

Nunca esgotado o tema de conversa, bebeu-se, entre palavras, ao longo de toda a refeição, com grande prazer! O vinho tinto, Imbondeiro reserva – Castas, Syrah e Aragonez, fez as honras da casa.

Após uma bela sentada/repasto nada melhor do que uma boa sobremesa. Recomendaram-me doces tradicionais portugueses: Pudim de Abade para adoçar a vida que, conta ainda, para os gulosos mais exigentes, com um Pudim de Vinho do Porto.

Um final doce para uma noite diferente.

A EQUIPA

A dar vida às criações do Chef, aos vinhos e aos ingredientes, a Equipa: Vinícius Barbizani, Ingryd Pinheiro, Narayan Kumar, Rajendra Gurung, Susant Gurung e Jony Rahman.

Uma equipa com capacidade de comunicação sem exageros.

Um serviço profissional, singular, atual e afetuoso, a fazer jus ao espírito do restaurante: descontraído, informal e atento aos detalhes.

Um espaço descontraído para apreciadores de vinhos e boa gastronomia.

ESPREITE E SIRVA-SE À VONTADE:

Eating Bear

Rua da Madalena 62/64 – Lisboa

Telefone: 21 137 2634

Acompanhe-nos: A Boa Vida Persegue-nos

Crédito Fotográfico: Miguel Silva

Coordenados: Antony Morato, Samissone & Pelcor