“NA PELE DELA” | Maria Lopes & Mário César

“Na Pele Dela” | a fotografia como ativismo por uma sociedade inclusa, é a exposição fotográfica assinada pelo fotografo Mário César que apresento desta vez na Galeria Virtual do Blog “A Boa Vida Persegue-me”.

A Igualdade de género é o mote da exposição que mostra homens, em situações geralmente associadas ao sexo feminino. Artistas como Albano Jerónimo, Paulo Pascoal, Carlão, Tomás Wallenstein (Capitão Fausto), Hélio Morais (Linda Martini), Igor Ribeiro (Ghetthoven), Julião Sarmento, Jhon Douglas, Leonaldo de Almeida e Paulo Furtado (The Legendary Tigerman), estão entre os fotografados.

O conteúdo ativista propõe uma reflexão sobre o mundo em que vivemos, onde ainda há intransigentes que não querem respeitar a igualdade de género, respeitar todas as formas de amar, de trabalhar, expressar e criar.

Este predomínio de atitudes e convenções sociais discriminatórias, leva a que alguns cidadãos discriminem os demais, só por serem diferentes, dos padrões que as primeiras consideram normais. Submetendo-as a intensas pressões para mudarem suas características, são incentivadas a representar modelos e assumir personagens padronizados sem profundidade.

Esta exposição fotográfica que dissemina arte & ativismo é um passo importante por trazer à reflexão a forma como lidamos com a diversidade e todos os níveis de desigualdade – racial, religião, ideologia, origem étnica, aparência, social, orientação sexual, ou género.

“Na Pele Dela” para além de uma exposição fotográfica, um espaço de reflexão, uma obra coletiva para despertar mentalidades, oferece-nos também o privilégio da apreciação não contaminada pela visão de outros.

É a força das fotografias a exigir não só um tempo de reflexão perante a realidade, mas sobretudo, e, em consequência disso, um tempo de ação para que se faça a diferença.

Através da colaboração entre a Maria Lopes (produtora, programadora e DJ) e as figuras masculinas que aceitaram o desafio de se deixarem fotografar, aliou-se a arte às causas e a lente de Mário César (publicitário e fotógrafo) à reflexão e ação de todos nós.

Parabéns aos que fazem acontecer.

É tão bom quando nos podemos expressar, trabalhar, amar, ser e estar livremente!

Mas, esta sociedade tem adquirido cada vez mais relevância e procura contestar a transformação de mentalidades e atitudes enraizadas, quer dizer que não é possível, a igualdade da forma que queremos. São diferentes formas de querer e todas elas são importantes na construção das nossas vidas. Da nossa sociedade inclusa.

Para tornar estas obras ainda mais acessíveis a um maior número de cidadãos, o Blog “A Boa Vida Persegue-me”, acolhe esta exposição, levando a arte e o ativismo ao encontro de um maior número de pessoas. Vamos então ensinar os intransigentes a aceitar, a respeitar e a amar. A saber como aceitar as diferenças, a respeitar os direitos de cada um, e a aceitar todas as formas de amar, de ser e estar.

“NA PELE DELA” | de Maria Lopes & Mário César

“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, económico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificamos de feminino. Só a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como outro.” – Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo (1949)

Desde cedo se normalizou a ideia de que só existem duas identidades, masculina e feminina, variando ao longo dos séculos e culturas o papel que cada uma destas identidades desempenhava.

Na cultura judaico-cristã, a mulher primordial foi criada como auxiliar do homem, a partir da sua costela e para o complementar. Ser alegadamente incompleto e por definição inferior, foi-lhe associado o conceito de “segundo sexo”, criando em seu redor uma aura de fragilidade e impotência, de inocência paralisante. A ideia foi tão amplamente propagada pela Igreja Católica que moldou as mentes da cultura ocidental, evangelho regulador das normas sociais. Esta evidente dicotomia na perceção e tratamento de homens e mulheres (e a obsessão inconsciente de que só se é homem ou mulher) é causa e consequência da desigualdade que ninguém se atreveu a questionar durante séculos e que, infelizmente, dura até hoje.

Esta normalização forçada de corpos, identidades e papéis sociais continua a ter um efeito profundamente castrador das nossas vivências, em que dificilmente se consegue corresponder aos supostos ideais sociais e que nos obriga a silenciar pessoas (principalmente quem não se identifica com a suposta maioria binária). A desigualdade de género teve, e continua, porém, a ter, um impacto muito mais perverso e invisibilizador das pessoas que se identificam como mulheres (e todo o espetro infinito do que é sentir-se mulher). Daí que seja o foco desta exposição.

Não é incomum que se defendam os valores que consideramos inerentes à nossa identidade cultural, mas a cega obediência a regras religiosas permitiu que a mulher não só fosse tida como, mas também se visse a si mesma como menor e menos capaz, resignadamente aceitando a perpétua injustiça. Convencida da sua própria inferioridade, achou-se incapaz de lutar contra ela.

Os resquícios desta coletiva aceitação são ainda dolorosamente evidentes. Quando confrontados/as com a prova de uma igual capacidade para desempenhar tarefas, ainda nos é natural seguir pelo caminho da distinção e hierarquia: um homem não é cozinheiro, é chef; um homem não é costureiro, é alfaiate; um homem não é criado, é mordomo.

Porque o acesso a informação vinda das mais diversas fontes veio confrontar esta geral adesão a conceitos arcaicos, mas também porque vivemos numa sociedade que vê o progresso com suspeita, queremos com este projecto contribuir para o imaginário visual das pessoas espectadoras, criando um quadro de referências ao qual poderá aceder por sua livre vontade. Pretendemos com estas fotografias normalizar o que sempre o deveria ter sido e convidar a audiência a ponderar nestas representações e na necessidade de as expôr em espaço público.

Todas as receitas de vendas da exposição irão reverter a favor da ILGA – a maior e mais antiga associação que luta pela igualdade e contra a discriminação das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo (LGBTI) em Portugal – com quem tivemos o maior prazer em colaborar para tornar este projeto possível, porque entendemos que os estereótipos de género são a raiz da homofobia, bifobia, transfobia e interfobia que persistem na nossa sociedade.

“Na Pele Dela” – Preços sob consulta

O contacto: hello@mariocesar.pt