STREET VIBES, POR MIGUEL PAIS DA SILVA

Conheci o fotógrafo Miguel Pais da Silva durante uma sessão fotográfica do Blog “A Boa Vida Persegue-me”, com roupas da marca Boom Bap Wear, gentilmente cedidas pela loja Vagabunds, no qual também participaram os fotógrafos Juvenal Candeias e o Rui Patraquim. Criaturas de boa energia, que gostam de envolvimentos, de interagir e de ver as outras pessoas felizes, pois sabem que é esse caldo que lhes proporciona fotos memoráveis.

Foi por essa altura que embati no diagnóstico de um quadro clínico maligno que crescia silenciosamente, descoberto num simples exame de rotina sem apresentar sintomas… enfim, mais um!

A descoberta desencadeou inicialmente algumas reações assoladoras, exaltando sentimentos, desequilíbrios e conflitos internos. Além de causar um sofrimento árduo, resultou em ansiedade, angústia e medo.

Sorte madrasta, má, destruidora, injusta que transformou em adversidade dias, tardes, fins de tarde, noites de boa vibe.

Pensava que a vida era um chão seguro, que certas coisas só aconteciam aos outros, porém, para os outros, nós também somos os outros… e agora sentia-me sem chão…. É incrível como as coisas mudam nesta vida!

Sou assaltado por pensamentos distorcidos que fluem na mente insistentemente, influenciando de forma negativa emoções e comportamentos.

Pensar que o pior vai acontecer, focalizar a atenção em aspetos negativos do diagnóstico, antecipar dificuldades, criar expectativas negativas em relação a fatos, bem como, de situações, que provavelmente, nem venham a acontecer. Atormenta.

Vivia o impacto da assimilação da “lesão” que estou a passar, e simultaneamente, sentia-me como um grande íman, por um lado, afastando-me de ambientes tóxicos, imoralidades e deslealdades, limitando críticas, opiniões infundadas e juízos precipitados para acautelar o meu bem-estar, e não só, para limpar, também, o que de ruim se produzira.

Nunca comentara com ninguém o que se estava a passar comigo, mas, a ansiedade incomoda… ah! a ansiedade era tanta que já se manifestavam sintomas físicos: isolamento, medo e angústia persistente! Somava mais tristezas do que alegrias, era essencial travar a vitimização e as sensibilidades de vidro.

Todavia, os princípios humanos, de alguns, levam-me a acreditar que as pessoas, continuam a ser muito mais importantes que, uma noite de copos, uma festa pop, um lugar aprazível, uma ida ao cinema, uma ida à praia… um sunset!

São esses princípios humanos, que, por outro lado, levam-me a aproximar, em oposição aos demais, de criaturas de abundante tranquilidade, que vivem com a mesma “good vibe” vital. Além, de passarem boas energias, transmitem bem-estar e positividade. Obrigaram-me às vezes a silêncios agrestes e a libertar-me de ambientes estultos e pobres: A amizade, o amor, a dor, e a esperança a enriquecer e a desafiar o pensamento.

Percebi, rapidamente, que era fundamental encontrar estratégias para enfrentar o diagnóstico, que uma atitude mental positiva seria da maior importância para me ajudar a amenizar os dias inquietos, mas sobretudo as noites intranquilas e aprender a lidar com todas as situações.

Diante de todo este desgaste, aprendi, que o corpo doente precisava de uma cabeça sã… só assim, creio eu, poderia ajudar o corpo a encontrar um melhor bem-estar, e, simultaneamente, sentia que precisava de algum incentivo para ultrapassar tudo isso.

E nessa busca, que inicialmente adveio da minha realidade, surge o Miguel. Um cidadão cheio de mundos com uma visão peculiar e cheio de ideias, ofereceu-me genuinamente o “fruto do seu trabalho”.

“Vou dar-te muito trabalho: fotografias. Para que sejas forçosamente empurrado a construir artigos para o Blogue. Mente ocupada com energia da boa, em cada uma das minhas fotografias para iniciares esse trabalho, necessário, de restauro e/ou retoma do teu bem-estar interior!”

Desde então temos trocado várias ideias e realizado alguns trabalhos. Acredito que a tranquilidade, a disponibilidade, a humildade, a simplicidade e a fotografia do Miguel deram luz à minha vontade de sair, descobrir, criar, apresentar, mostrar e partilhar esse infinito particular no blogue. Um meio usado para mostrar aos outros como vemos o mundo e nunca para exaltar o nosso próprio ego. Tem sido algo que me enche a alma de bem-estar e energia da boa.

A descoberta de algumas particularidades do fotógrafo é um desafio estimulante, até porque sabe fazer muitas mais coisas do que simplesmente clicar e disparar. É só uma questão de começar por apreciar o seu trabalho, que amanhã será diferente, será outro, como nós o seremos também, com toda a certeza.

A sua história como fotógrafo inicia em 2010, sem referências. Tudo por acaso do destino, um interesse que despontou naturalmente. De início, Miguel Pais da Silva, gostava de fotografar paisagens, natureza e também alguns trabalhos mais artísticos. Atualmente as fotos de rua ou com movimento, acabam por ganhar um papel de destaque.

Respira fotografia colocando toda essa paixão na ponta dos dedos no momento de clicar. Como fotógrafo street, centra-se mais em momentos espontâneos, tem registado beleza e circunstâncias do quotidiano, que a maioria das pessoas deixa passar. Alguns trabalhos evocam uma sensação de movimento coletivo, outros de individualismo e intimismo implícitos nos cenários citadinos de rua.

Fiquei feliz com o nome atribuído à exposição virtual: “Street Vibes”. Representa, para mim, VIDA! Exalando as boas energias que se buscam na rua, nas emoções e nos afetos espontâneos, evoca sentimentos, expõe situações, grita emoções e sugere reflexões.

 Para o Miguel Pais da Silva,

A fotografia tem muitos subgéneros sendo a imagem a base comum a todos. A linguagem é feita de cores, perspetivas, luzes, sombras e proporções. O elemento oculto é o tempo. Tudo o resto que vemos numa fotografia é o resultado da nossa própria interpretação. É por isso uma forma apelativa de condensar emoções e contar histórias cuja narrativa se constrói através do olhar do fotógrafo, pelo que sente e pelo que imagina que os outros irão sentir.

Como são as pessoas quando não estão a ser observadas? Como se capturam emoções genuínas e a espontaneidade que é tão difícil de criar em estúdio ou em situações encenadas? A procura destas respostas leva-o para junto das pessoas, para a rua, que se transforma no cenário improvisado, com modelos que o são sem o saberem e que generosamente partilham essa essência e a sua imagem própria. O fotógrafo procura não influenciar, tornando-se no observador neutro e tão invisível quanto possível. 

O ato de fotografar é simples, hoje cada vez mais. Continua a ser necessário estar no local e momento certos e confiar sempre que a sorte vai ajudar. Neste tipo de fotografia, inverte-se a ordem no processo criativo, observa-se e fotografa-se primeiro e só depois se escolhe e prepara. Tudo o que resultar bem em termos visuais é um bónus. O fotógrafo transforma-se assim numa espécie de caçador de instantes que podem surgir sem aviso e que não se repetem.

Encontrar um tema comum pode ser um desafio acrescido, especialmente quando o que está em causa é capturar emoções ou transmitir sensações. Nestes casos, a imagem torna-se numa história em que o final é deixado à interpretação do observador.

Agradeço desde já a si, leitor/seguidor a visita e espero que aprecie a exposição “Street Vibes”!